Plena
O Muro
Caleidoscópio
Estou ouvindo um galo cantar
Eu fugia, às vezes; ninguém nunca notou que eu saia de casa, à noite. Porém não havia ninguém na rua. E eu só queria conversar.
Chuva
True History
Calmaria
Lady L.
Mórbida Patologia
Tim, para ti meu coração
Arrancado do meu peito
Estou despedaçada
E se eu pudesse enterraria os meus dedos no meu peito
Arrancaria meu coração
E Dava-o a ti
Uma massa pulsante de uma mórbida patologia
Alem do meu coração
Existem alguns pequenos órgãos que gostaria de lhe dar
Glândulas, pâncreas, carnes variadas...
Ofereço-te estes presentes: presentes raros!
Sei que eles não são grande coisa em comparação com o que já me destes
Eu ouvi que estes órgãos não sobrevivem fora do corpo por mais que algumas horas
Mas tentarei chegar aí o mais rápido possível
Não importa o que aconteça será por minha conta
No meu coração.
(TLW)
Conhecimento
Eu sempre gostei de aprender. Sempre fui interessada por TODOS os tipos de assuntos. E isso me trouxe conseqüências, tanto boas quanto ruins. Em sua maioria boa, claro. Mas adquiri também muito conhecimento desnecessário e que talvez nunca me sirva na vida. Mas está lá, ocupando um espaço que poderia ser útil.
(Você sabia que o maior pênis do mundo é o da baleia, podendo chegar até 3 metros de comprimento? Eu sabia... Alguém me disse isso em algum momento da minha adolescência e nunca mais essa informação dispensável saiu da minha cabeça. Não me serve, e nunca vou usar isso na vida, a não ser em algum papo de boteco, depois de umas 4 tequilas. RS.)
Sempre afirmei que o conhecimento é uma arma. Geralmente você o usa para se defender, mas ele também pode te destruir e você nunca deve se esquecer disso.
Há coisas em minha mente que ainda estão incompletas. Conhecimentos que comecei a buscar, mas por falta de fontes acabaram por não serem finalizados. E hoje percebi numa espécie de epifania que para completar essa lacuna que tanto me perturba seria necessário fazer uma escolha na qual eu não acredito. Não mais.
É difícil me dar conta de que preciso agir dessa forma, já que não acredito. E por não acreditar, consequentemente, o fato em questão não deveria sequer existir. E na verdade não existe, só se eu passasse a acreditar. E acreditar seria regressar a um momento ao qual já me desvinculei ha anos. Involução definiria.
Sei que estou sendo redundante e prolixa, mas é preciso, tamanha a confusão que se instala em minha mente ao falar deste assunto do qual não posso tratar explicitamente. Inúmeras imagens permeiam minha imaginação formando uma explosão que clareia a minha mente como uma bomba de informações revelando-se e dançando diante de mim. E eu estou acordada. EU ESTOU ACORDADA! É tudo tão confuso. Porque só agora eu consigo enxergar?
Mas tratando novamente de fazer uma escolha na qual eu não acredito, finalizo aqui deixando claro que só escrevi estas linhas não para explicar algo, ou me fazer entender, mas para demonstrar como me sinto no momento. E também para registrar a data histórica em que esse fato ocorreu. Numa tarde quente de uma terça feira de Março. Escolhi meu caminho e vou buscar aprender sobre ele. Vou me entregar e me dedicar a ele. Sei que isso será enfadonho e massacrante. Mas eu necessito saber o que existe nas entrelinhas; quero ser capaz de enxergar além do que o que acredito ver. Mesmo que sofra após encontrar o que procuro, já que algo, uma vez aprendido, jamais pode ser esquecido.
Algumas pessoas encontram o que chamam de felicidade em coisas simples. Exatamente por que as coisas simples não exigem excesso de aprendizado. Elas são tão puras em sua essência que acabam por se tornar simplesmente executáveis. Já aqueles que excedem em conhecimento, são pessoas atormentadas pelo que sabem, pelo que viram e viveram. O saber demasiado é seguido de uma cobrança enorme, por parte de si mesmo. Exigências, pressões, sofrimento e preocupações. E não há como desistir, já que não se pode apagar o que se aprendeu.
Não existe volta no caminho do conhecimento. O conhecimento é algo eterno.
A passagem
Ela desceu no aeroporto com aquela sensação angustiante no estomago.
Não eram borboletas, eram agulhas. Um gosto ferruginoso em sua boca lembrava sangue. Estava nervosa. Respirou fundo pensando ser louca.
Duas semanas atrás, por um impulso, comprara uma passagem por causa de uma promoção que talvez jamais encontrasse novamente.
Estava com vontade de viajar e unira o desejo ao calor do momento.
Já havia um mês que aquela paixão a dominara por completo. Não conseguia dormir, não podia comer, não conseguia sequer respirar sem parar por um instante para pensar nele. E todas as vezes que pensava, um sorriso aparecia incontrolável nos lábios. Ela não conseguia conter aquela sensação e achava isso ridículo.
O tempo fora implacável e cruel por dois anos. As horas pareciam não querer passar. Sentira-se inútil... inerte durante esse tempo. Presa em recordações que insistiam em permanecer ali, em algum canto empoeirado daquele coração bagunçado.
Mas conheceu esse rapaz, e foi como se tivessem aberto as janelas do velho coração. Quando a luz começou a penetrar as frestas ficou como cega, não conseguia enxergar devido ao tempo em que permanecera no breu. Então o mofo deu lugar ao ar puro que começou a entrar e quando finalmente pôde respirar aliviada se deu conta que estava na hora de arrumar a bagunça e jogar fora os velhos papéis.
Um mês inteiro de conversas. Sorrisos, desejos ocultos compartilhados. Ficaram amigos, depois. E então, mais que amigos. Havia cumplicidade.
Ela percebeu a força enorme que ele fez para não demonstrar que já estava inundado por esse sentimento de tal forma que não conseguiria nadar de volta à margem sozinho. Mas ao se dar conta disso, notou que ela também estava agindo do mesmo modo... Precisavam um do outro para se apoiar. Todavia somente se olhavam, nenhum dos dois conseguiu tomar uma decisão ou sequer dizer algo.
Se não decidissem, submergiriam nesse sentimento e morreriam sem dizer palavra alguma.
Foi quando comprou as passagens. E só contou depois de feito. Ele sorriu com aquele sorriso de menino bobo, surpreso e feliz. Quando ela viu seu sorriso, através da tela do computador, conseguiu confessar que ele havia dominado seus pensamentos. Que ela não conseguia ao menos dormir em paz, pois seus sonhos haviam sido povoados por momentos que ela gostaria de viver ao lado dele.
E ele tocou a câmera como se segurasse a tela do computador e disse: Eu amo você.
Porque ele disse isso? O coração dela pareceu parar. Engoliu em seco e não conseguiu dizer nada. Apenas abaixou a cabeça e após eternos segundos angustiantes de silencio balbuciou que precisava fazer qualquer coisa e desconectou.
Não era paixão. Era desejo. Só percebeu após ouvir aquela frase. Não o amava, não o queria para sempre. Não tinha o direito de perpetuar aquilo, mas já havia comprado as passagens e teria que encará-lo pessoalmente. E aquilo a consumiu por uma semana até o momento em que ela desceu no aeroporto com aquela sensação angustiante no estômago.
Não eram borboletas, eram agulhas. Um gosto ferruginoso em sua boca lembrava sangue. Estava nervosa. Respirou fundo pensando ser louca.
“O que estou fazendo?” Sua mente lhe torturava durante todo o trajeto e também naquele momento.
Mas tinha que continuar.
E assim que atravessou o corredor, o viu encostado à parede olhando intensamente para ela. Ele sorriu. E o mundo dela parou. Um mês inteiro de histórias passou diante dela, as conversas, as risadas, as lágrimas, o desespero, os desejos ocultos, o toque na câmera. Ela sorriu também e uma epifania a fez entender que aquilo era tudo que ela mais desejara. Não passou um mês inteiro em devaneios em vão. Não se arriscou numa viajem por puro capricho. Definitivamente não era apenas um desejo.
Vê-lo ali, como um sonho transformado em realidade diante de si a fez agradecer por tudo que viveu e por tudo que fez. Então sorriu de volta. E ele veio ao seu encontro.
Ela ia dizer olá, mas ele a calou com um beijo apaixonado, pois a conhecia. Sabia que ela talvez duvidasse, talvez desistisse. Precisava viver cada instante como se fosse o ultimo momento do universo prestes a entrar em colapso. Precisava transmitir segurança. E foi exatamente como ela se sentiu diante daquele garoto: Segura.
E deixou a alegria invadir seu corpo e sorriu mais uma vez. E mais outra vez. Já não sentia as agulhas... só borboletas. Só segurança. E ao darem as mãos, selaram o que haviam sonhado um para o outro, mesmo que não houvessem compartilhado. Foram ser felizes.
Não me ignore, Neto.
Você me agride de uma forma estranha. Me provoca, me atiça, joga pedras em mim. E eu pareço movida por suas criticas, como uma criança que anseia desesperadamente a aprovação de um pai. Você me desconcerta ao me afrontar.
Meu comportamento natural seria o de ignorar-te, de não me importar, afinal, você não tem experiência o suficiente pra me conhecer. Você não sabe das minhas origens, não sabe o que eu passei, que traumas eu sofri, que lembranças estão guardadas na minha memória.
Eu andei em mundos que você desconhece, bebê. Eu vi coisas que você se horrorizaria. Eu experimentei o amargo da vida, no cálice da descoberta. Porém sobrevivi.
Mas você me conheceu num momento doce e sereno. Quando eu já havia decidido ser somente aquilo que eu desejasse e não o que os outros julgavam ser correto. Minhas ideologias já estavam formadas. Não havia como retroceder.
O que hoje eu sou são apenas pedaços do que vivi. De um quebra cabeças infinito formado pelo que recolhi no caminho onde andei. E então você chega. Argumentando que nem eu mesma sei quem sou. E eu escuto! Ah, Louca...
E ao invés de apenas ignorá-lo como eu faria com qualquer pessoa, EU ME IMPORTO! Não comigo, mas com você.
Suas palavras me atravessaram como um punhal afiado. As gotas do seu veneno percorreram todo meu íntimo, dilacerando minhas entranhas. Eu me contorci diante da sua convicção. Agonizei de desespero e medo. Quis gritar, mas apenas uma lívida gota rolou em minha face.
Eu quis sentir ódio e não consegui. Então me dei conta que em apenas uma semana, uma pessoa apareceu na minha vida e me envolveu de tal forma que me prendeu nos meus próprios laços. E eu estou aqui agora, de mãos atadas, porque você disse que não me responderia. Que deixaria pra depois.
E eu me senti descartada. Eu me senti desamparada. E é assim que você diz que se entregou, quando na verdade quem se entregou fui eu... Sem perceber me entreguei a você e agora você quer se afastar.
Eu passei dez minutos olhando aquele espaço em branco, tentando entender como algo tão sedutoramente puro se transformou em palavras de desprezo e solidão. Eu, que já estava sozinha, consegui me sentir desolada.
Não sei o que virá amanhã, não sei como conseguirei te encarar. Mas esperarei angustiadamente ao menos um gesto seu, seja ele de aprovação ou não. Mesmo que apenas me olhe e sorria, ou apenas me despreze. Só não me ignore, pois estou tão envolta nesse sentimento que esperaria o muito ou o nada dele, mas nunca o abandono.
Queridos leitores
E daí que ontem minha internet caiu de madrugada e eu fiquei lá com minha cara pra lua de frente pro computador sem saber o que fazer.
E veio aquela vontade de dizer coisas que nunca mais meus dedos tinham escrito, porque meu cérebro também não havia pensado, já que eu não me permiti ter tempo para não fazer nada.
Fazer nada é algo interessante. Eu gosto da palavra devaneio. E curto seu significado. E é incrível que ele só surja nesses momentos de ócio. Lindo como ele invade sua mente permitindo uma viagem estranha, quase impossível. E é tão bom sonhar.
Ontem à tarde eu olhava umas fotos. Hoje olho a tela. Amanhã para onde estarei olhando?
Espero que sempre eu possa ter as palavras como amigas. Procuro despertar o subconsciente alheio através delas. Não gosto de explicitamente expressar o que digo. Bom mesmo é deixar nas entrelinhas o xis da questão. Entenda você, julgue você, decida você. Sou mera condutora da sabedoria intrínseca que o universo me doa. Expressar-me de forma subjetiva torna o diálogo mais emocionante e intenso. E depois, posso deleitar nos comentários absurdos ou eloqüentes que vocês, leitores, deixam pra mim.
E na minha cabeça, grandes exclamações surgem quando me dou conta que o que escrevi foi realmente entendido. E rio, rio muito de mim mesma quando fujo do foco e mesmo assim, percebo que através de meros signos digitados virtualmente, você conseguiu sentir o que daqui eu senti também, ao me deitar em frente a esta tela e começar a digitar algo qualquer e que de repente virou um turbilhão de emoções.
Agradeço aos poucos, mais muito meus... Leitores queridos. Amo muito vocês.