Corda Bamba (Para Neto, com todo carinho u,u)


Hoje prometi que foi a ultima vez.

Não vou viver a seus pés recolhendo as migalhas que caírem de seu amor.

Vivendo nesta corda bamba que você chama de relacionamento, sem nunca saber que dia terei mais ou menos de você.

Então chega. Cansei de jogar, cansei de viver implorando, remediando, replicando, resolvendo, adulando e me humilhando.

Já provei o mais doce e o mais amargo de você. Eu só queria teu mel, mas você cospe veneno em mim enquanto eu tento absorver teu néctar. Me ama e me destrói com a mesma intensidade e eu sempre me despedaço em teus desejos malditos.

Me apaixonei. Te desejei muito e até cheguei a me desprezar por isso. Eu que havia abdicado de qualquer forma de amar, me trancando em uma redoma impenetrável, abri uma pequena fresta diante de sua petulância. Você me desafiou e eu me entreguei, e pude sentir mais uma vez o sabor de gostar de alguém.

Mas ontem descobri que amo mais a mim mesma do que a qualquer pessoa. Até mesmo do que a você.

Egoísmo? Talvez, quem sabe? O que importa mesmo é considerar que preciso erguer a cabeça e parar de me rastejar. Vou me colocar de pé, olhar em tua cara e sorrir. Mesmo que seja um sorriso triste de quem não quer dizer adeus.E olharei para o que vivi com saudade, porém muito mais com orgulho de ter conseguido me livrar destes laços que me prendiam.

Contemplei o amanhecer e vi o sol se por ao teu lado; até cheguei a esquecer que existia noite. Mas torno à realidade novamente e dessa vez não haverá lua e nem estrelas.

Não me ignore, Neto.

Você me agride de uma forma estranha. Me provoca, me atiça, joga pedras em mim. E eu pareço movida por suas criticas, como uma criança que anseia desesperadamente a aprovação de um pai. Você me desconcerta ao me afrontar.
Meu comportamento natural seria o de ignorar-te, de não me importar, afinal, você não tem experiência o suficiente pra me conhecer. Você não sabe das minhas origens, não sabe o que eu passei, que traumas eu sofri, que lembranças estão guardadas na minha memória.
Eu andei em mundos que você desconhece, bebê. Eu vi coisas que você se horrorizaria. Eu experimentei o amargo da vida, no cálice da descoberta. Porém sobrevivi.
Mas você me conheceu num momento doce e sereno. Quando eu já havia decidido ser somente aquilo que eu desejasse e não o que os outros julgavam ser correto. Minhas ideologias já estavam formadas. Não havia como retroceder.
O que hoje eu sou são apenas pedaços do que vivi. De um quebra cabeças infinito formado pelo que recolhi no caminho onde andei. E então você chega. Argumentando que nem eu mesma sei quem sou. E eu escuto! Ah, Louca...
E ao invés de apenas ignorá-lo como eu faria com qualquer pessoa, EU ME IMPORTO! Não comigo, mas com você.
Suas palavras me atravessaram como um punhal afiado. As gotas do seu veneno percorreram todo meu íntimo, dilacerando minhas entranhas. Eu me contorci diante da sua convicção. Agonizei de desespero e medo. Quis gritar, mas apenas uma lívida gota rolou em minha face.
Eu quis sentir ódio e não consegui. Então me dei conta que em apenas uma semana, uma pessoa apareceu na minha vida e me envolveu de tal forma que me prendeu nos meus próprios laços. E eu estou aqui agora, de mãos atadas, porque você disse que não me responderia. Que deixaria pra depois.
E eu me senti descartada. Eu me senti desamparada. E é assim que você diz que se entregou, quando na verdade quem se entregou fui eu... Sem perceber me entreguei a você e agora você quer se afastar.
Eu passei dez minutos olhando aquele espaço em branco, tentando entender como algo tão sedutoramente puro se transformou em palavras de desprezo e solidão. Eu, que já estava sozinha, consegui me sentir desolada.
Não sei o que virá amanhã, não sei como conseguirei te encarar. Mas esperarei angustiadamente ao menos um gesto seu, seja ele de aprovação ou não. Mesmo que apenas me olhe e sorria, ou apenas me despreze. Só não me ignore, pois estou tão envolta nesse sentimento que esperaria o muito ou o nada dele, mas nunca o abandono.