Por algum momento, que não consigo recordar, acreditei que enfim, o inverno havia dissipado.
Procurei olhar à minha volta e buscar um pequeno vestígio de uma simples flor, que pudesse ao menos fazer esquecer o frio que sentia. Que sinto.
Que ainda sinto.
Até aquela outra flor, que no gelo havia brotado, morrera.
Apesar de meus infinitos esforços, acabei permitindo que o frio tomasse conta de tudo. Implacável e voraz como só ele soube ser, acabou por tomar conta até de mim.
E tomada por ele, transformei-me também naquilo que mais temia. Acabei sendo igual, enquanto minha alma clamava por diferença.
Liberta-me!
Ainda que tomada pelo gelo à minha volta, gritei.
Foi a esperança apunhalada que fez ecoar este grito abafado pela solidez.
E gritarei até sentir ruir esta redoma que me sufoca.
Porém não quero que ouçam meus gritos.
Enquanto curtem suas primaveras (ou ao menos fingem) eu sofro o gelo a queimar minha pele. E os sinto a me olhar.
Sei que olham. Não os vejo, mas sei. E não suporto ser olhada. Olhares julgam.
Por isso, o jarro na janela.
Não, eu não estou indiferente à primavera que chegou para muitos. E que já se vai. Eu jamais deixaria de admirar as cores, a vivacidade, a alegria que ela traz.
Anseio por ela. Sei que chegará. Mesmo que seja no calor do verão. Basta-me apenas ser paciente.
Enquanto isso contento-me a enxergar através da transparência gélida as flores na janela.
Breve, serão à minha volta.
Procurei olhar à minha volta e buscar um pequeno vestígio de uma simples flor, que pudesse ao menos fazer esquecer o frio que sentia. Que sinto.
Que ainda sinto.
Até aquela outra flor, que no gelo havia brotado, morrera.
Apesar de meus infinitos esforços, acabei permitindo que o frio tomasse conta de tudo. Implacável e voraz como só ele soube ser, acabou por tomar conta até de mim.
E tomada por ele, transformei-me também naquilo que mais temia. Acabei sendo igual, enquanto minha alma clamava por diferença.
Liberta-me!
Ainda que tomada pelo gelo à minha volta, gritei.
Foi a esperança apunhalada que fez ecoar este grito abafado pela solidez.
E gritarei até sentir ruir esta redoma que me sufoca.
Porém não quero que ouçam meus gritos.
Enquanto curtem suas primaveras (ou ao menos fingem) eu sofro o gelo a queimar minha pele. E os sinto a me olhar.
Sei que olham. Não os vejo, mas sei. E não suporto ser olhada. Olhares julgam.
Por isso, o jarro na janela.
Não, eu não estou indiferente à primavera que chegou para muitos. E que já se vai. Eu jamais deixaria de admirar as cores, a vivacidade, a alegria que ela traz.
Anseio por ela. Sei que chegará. Mesmo que seja no calor do verão. Basta-me apenas ser paciente.
Enquanto isso contento-me a enxergar através da transparência gélida as flores na janela.
Breve, serão à minha volta.
E enquanto estiver a contemplar a água das cachoeiras à minha volta, sequer lembrarei que um dia foram a neve de outrora.