Eu preciso sentar aqui e escrever, ou enlouqueço.
Desliguei a luz da sala e fiquei alguns minutos contemplando
a chuva que caia do céu e molhava o muro da minha casa. O muro despertou estes
antigos pensamentos, que insistem em renovar minhas idéias. Maldito muro.
Eu o olhava e questionava a minha existência. O porquê de
tanta mesmice, tanta rotina e repetição. Marasmo e tédio.
E se a vida é mesmo essa caixa de Pandora, esse sonho que
possui um despertar misterioso chamado morte e traz à minha mente muitas
questões retóricas: O que me dá certeza de que estou acordada? Porque estou aqui? Que sentido há em nascer, viver e depois
morrer?
O que serei? (...) Serei? Um mero sopro de existência
insignificante diante de tantos zilhares de seres que esse planeta habitável no
meio da imensidão possui.
As próximas gerações
não recordarão quem fui, assim como não me recordo quem foram os ancestrais que
deram origem a mim. E mais uma vez me questiono que sentido há nisso. Em apenas
ser formado, para conhecer o que foi a terra. Para construir laços emotivos com
outros seres que apenas existirão também. E depois ser esquecido.
Quantas outras zilhares de pessoas sequer pararam pra pensar
sobre isso e levam suas simples vidas, contentando-se com o fato de que “é
assim mesmo”. Talvez estas sejam mais felizes que eu. Apenas sorriem e vão em
frente.
E aquele mínimo e seleto grupo que nasceu pra brilhar, para
fazer a diferença? Como terá o acaso os escolhido? Aqueles que viveram, ao
invés de apenas existir e souberam transformar o sopro breve de existência na
terra em algo significativo e proveitoso. A esses, invejo. Queria ser como
eles. Nascer com alguma espécie de dádiva. Talvez não estivesse nesse momento a
me questionar diante de um muro molhado de chuva. Ou talvez sim... Quem sabe?
Poderia estar me perguntando: Por que eu? =/
Não chegarei a lugar algum com estes pensamentos. E de nada
aproveitaria mais ou menos, sendo alguém que questionou, que nem se importou,
ou que viveu ao invés de apenas existir. O tempo se vai para todos, e o sentido
inútil de uma vida passageira de toda forma é eminente. Não importa quem eu
seja. O que resta para estes ou aqueles é o nada. O mesmo nada. Nem uma mera lembrança.
O fim é sempre o mesmo e todo questionamento é vão.