Limpa

Hoje eu entrei pela porta que você deixou aberta
Olhei a sala vazia, cheia de ilusões
Peguei o rodo e a vassoura encostados atrás dela
A poeira dessa casa enchendo os meus pulmões
Notei que estiveram sempre lá, como eu deixei ficar assim?

Passei a tarde toda revirando velhos retratos
Cartas e músicas com esquecidos refrões
E eu me lembrando que aquilo tudo era passado
Até a parede me mostrava uns antigos borrões:
A foto ao lado do espelho sujo em que você sorria pra mim

Me perdi revirando os pedaços
De alegria do que passou
Foram apenas lembranças tolas
Só momentos, é o que sobrou
De nós

Já é noite e eu me vejo sozinha, com a casa vazia do que limpei
E eu cheia daquilo que esteve comnigo enquanto não acordei

Precisava sair, precisava mudar, mas não devia sem antes aqui entrar e chorar
E essas lágrimas foram o que alvejou a poeira que estava na lemrança do que ficou...

Nada, não ficou nada.
Joguei fora, olho a estrada.
Vazia do nada que habita em mim.
Nada, não ficou nada.
Joguei fora, olho a estrada.
Vazia, calada...

Então sei que posso prosseguir.