Eu vivo distante, tentando não pensar na calmaria que faz
meu barco não seguir adiante. O que para muitos é uma situação favorável, para
mim é mais que tédio. Eu odeio a zona de conforto. Aprendi a viver extremos. Paz
ou guerra. Tudo ou nada.
Acontece que conquistei muito mais do que desejei. Mas ainda
não é suficiente. Nunca terei o suficiente. Mesmo que já tenha o bastante.
Porque se chegar
algum dia a acreditar que já deu, perderei a força motriz da minha capacidade
de insistir, de galgar novos rumos.
O que há além do lugar onde o sol se põe? Porque quando a
noite cai, as estrelas dançam no céu? Porque todos os rios correm para o mar mas ele
nunca se enche? Lua, você não vai
brilhar para mim esta noite? Eu não conseguirei ver meu reflexo nessa
escuridão!
Entretanto esse vento não insiste em mudar. E eu sem saber se
pego ou não os remos.
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