Estou ouvindo um galo cantar, e recordo.
Há quanto tempo não escuto esse som?
Som de noites que eu gostaria muito de esquecer.
De ficar acordada em um tempo onde só havia o silencio e a
espera.
Madrugadas a fio, sentada na janela de um quarto no primeiro
andar... aquela casa numa cidadezinha do interior, onde só o apito dos guardas
cortava a noite.
Eu escrevia, depois chorava. E olhava as estrelas, sem achar
que haveria futuro, desejando fugir pra bem longe dali.
Lembro de sair correndo, certo dia.
Eu fugia, às vezes; ninguém nunca notou que eu saia de casa, à noite. Porém não havia ninguém na rua. E eu só queria conversar.
Eu fugia, às vezes; ninguém nunca notou que eu saia de casa, à noite. Porém não havia ninguém na rua. E eu só queria conversar.
Houve coisas que sequer posso escrever.
Mas a vida mudou e eu já não choro mais.
Foi esse galo que me fez tocar na cicatriz daquela enorme
ferida que já sangrou tanto e às vezes dói. Todavia a dor é só uma memória arraigada nessa
cicatriz.
Compreendo que mesmo sem ouvir o som, por vezes ainda
escuto este mesmo galo (ou seria aquele?) cantar.
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